Sertão Empreendedor quer mudança de mentalidade

Mudar a mentalidade do produtor rural paraibano e estabelecer uma nova convivência com a estiagem é o objetivo do 'Programa Sertão Empreendedor: Um Novo Tempo para o Semiárido', lançado ontem, em João Pessoa. A iniciativa é do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pretende estimular o empreendedorismo no agricultor para melhorar sua qualidade de vida, elevando sua rentabilidade e produtividade.

Para isto, no caso do projeto piloto da Paraíba, selecionou 120 produtores em seis municípios – Cajazeiras, Campina Grande, Catolé do Rocha, Juazeirinho, Santa Luzia e Sousa – para serem instruídos por técnicos sobre como tornar sua produção de subsistência em um negócio lucrativo. De acordo com o coordenador institucional do Programa e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, é chegar a atender 25% do total de cidades do Semiárido brasileiro (1.135).

"Esse programa é diferente, porque o técnico vai dar assistência diária aos produtores durante um ano. O grande gargalo, e é com isto que vamos trabalhar mais, é a mudança de comportamento das pessoas. Agora, ou as pessoas mudam seu comportamento ou não mudaremos a história do Semiárido", comentou.

Na prática, esta mudança de comportamento diz respeito, conforme a presidente da CNA e do Senar, senadora Kátia Abreu, em não se produzir o que 'se queira', mas aquilo que dê retorno ao produtor rural. “Nós temos a mãe natureza que é mais forte do que nós. É preciso que sejamos inteligentes para produzirmos o que podemos. A seca é interminável, teremos sempre a estiagem, mas o Programa propõe que sejam ensinadas técnicas, apresentadas tecnologias, para que o empreendedor aprenda o que é a 'gestão' e como empreender”,.

Entre as técnicas listadas pela presidente estão em como irrigar de forma barata, como conservar alimentos na época certa, como armazená-los, dentre outros. Além disso, o Sertão Empreendedor deve apresentar ao produtor rural opções de culturas – a exemplo da palma forrageira, que é utilizada para a fabricação de papel, cola para adesivos e até cosméticos.

“As alternativas são muitas, no entanto é preciso ter em mente que, quando se fala de Semiárido, deve se falar em pecuária – ovino, caprino, bovino -, porque 'cultura' só dará certo com um sistema de irrigação”, ressaltou Mário Borba.

PRESENÇAS
Durante o evento de ontem, que contou com a presença de figuras políticas e um auditório repleto de produtores rurais, o arcebispo da Paraíba, Don Aldo Pagotto, elogiou a iniciativa do Programa e chamou de 'empreendedorismo' o novo nome do 'desenvolvimento'. “É da maior importância que tenhamos uma agenda proativa. O que precisamos é investir na agricultura e na produtividade”, pontuou.

Sobre o programa o secretário de Agricultura do Estado, Marenilson Batista, acrescentou que o Governo está disposto a contribuir neste processo. “Queremos um desenvolvimento sustentável e uma convivência produtiva com a estiagem”, disse.